Sociedade

Há quatro novas “Campeãs da Terra”, distinguidas pela ONU

A médica veterinária ugandesa Gladys Kalema-Zikusoka
A médica veterinária ugandesa Gladys Kalema-Zikusoka
Environmental Change and Security Program

Um grupo de mulheres indígenas, uma primeira-ministra, uma cientista e uma ativista empreendedora são as vencedoras do mais alto galardão das Nações Unidas na área do Ambiente deste ano, atribuídos esta terça-feira. São mulheres "inspiradoras", que se destacam pelas suas ações e mobilização de pessoas para enfrentar a tripla crise ambiental: alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição. "Cada ato conta", lembra a diretora-executiva do programa para o Ambiente, Inger Andersen

Pela primeira vez em 16 anos de história do galardão “Campeões da Terra” — atribuído pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) —, os vencedores são todos mulheres. Foram distinguidas pela inspiração que representam ao nível da ação, liderança política, visão empreendedora e investigação científica desenvolvidas para enfrentar a crise climática, a perda de biodiversidade, e a poluição associada ao uso de químicos e aos resíduos.

As Mulheres do Mar da Melanésia, um grupo de empreendedoras que treina outras mulheres na Papua Nova Guiné e nas Ilhas Salomão a usar tecnologia e ciência marinha para monitorizar o branqueamento dos recifes de coral, venceram o prémio do PNUA na categoria de “Ação e inspiração”.

Na “Liderança Política” destacou-se Mia Mottley, a primeira-ministra das ilhas Barbados, nas Caraíbas, por fazer ecoar a sua voz em defesa dos Estados-ilha do Sul Global, em risco de serem submergidos pelo mar devido às alterações climáticas. Sob a sua liderança, Barbados adotou um plano de ação para a restauração de ecossistemas e metas ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito de estufa até 2030, com aposta no uso de energias renováveis nos sectores da energia e dos transportes.

Maria Kolesnikova, ativista ambiental da República do Quirguistão, foi distinguida pela sua “Visão Empreendedora”. A líder do movimento MoveGreen, que monitoriza a qualidade do ar nesta região da Ásia central, desenvolveu uma aplicação informática (AQ.kg) que permite recolher dados sobre a concentração de poluentes como as partículas finas (PM10 e PM2.5) e o dióxido de azoto a cada uma a três horas.

A médica veterinária ugandesa Gladys Kalema-Zikusoka venceu na categoria “Ciência e Inovação”, pelo seu trabalho como autoridade científica em primatas e doenças zoonóticas. Foi a primeira mulher a trabalhar como veterinária na Autoridade para a Vida Selvagem no Uganda e co-fundou a organização Conservation Through Public Health, que segue uma abordagem integrada das doenças zoonóticas.

Cada ato conta

“Ao entrarmos numa década decisiva para cortar emissões e proteger e restaurar ecossistemas, os Campeões da Terra demonstram que todos nós podemos contribuir. Cada ato único para a natureza conta”, sublinha Inger Andersen, diretora-executiva do PNUA, em comunicado. E acrescenta: “As campeãs deste ano são mulheres que nos inspiram e nos lembram que temos nas nossas mãos as soluções, o conhecimento e a tecnologia para limitar as mudanças climáticas e evitar o colapso ecológico”.

Desde 2005 já foram galardoados com este prémio 101 pessoas ou entidades, entre os quais 25 líderes políticos, 62 pessoas e 14 organizações.

Na década que a ONU consagra ao Restauro de Ecossistemas, o PNUA lembra que se se conseguir travar a degradação de ecossistema terrestres e aquáticos “é possível evitar a extinção de um milhão de espécies que se encontram em risco”; e se se conseguir restaurar 15% dos ecossistemas em áreas prioritárias para a conservação, “pode-se reduzir o risco de extinção em 60%”. Os cientistas lembram que “quanto mais saudáveis forem os ecossistemas, mais saudável é a vida na Terra”.

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