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“É um caso claro de indisciplina e já participei à Judiciária”: Gouveia e Melo reage ao caso de vacinação indevida no Porto

“É um caso claro de indisciplina e já participei à Judiciária”: Gouveia e Melo reage ao caso de vacinação indevida no Porto
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Coordenador da task force de vacinação garante que serão tiradas "consequências rápidas" das irregularidades ocorridas no Porto, e que é a primeira vez que enfrenta um caso com esta dimensão. Vacinação de pessoas abaixo das faixas etárias que estão a ser inoculadas (atualmente nos maiores de 30 anos e com autoagendamento a partir dos 35) veio a público após uma publicação da atriz Francisca Cerqueira Gomes nas redes sociais

Um "caso claro de desobediência ao plano" e de "pessoas com responsabilidade que resolveram inovar e vacinar pessoas que não estavam elegíveis para vacinação": é esta a posição do vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da task force de vacinação, relativamente à inoculação de pessoas fora das faixas etárias prioritárias (de momento fixada nos maiores de 30 anos) no bairro do Cerco, no Porto.

"Mal soubemos do caso, fizemos uma participação à Polícia Judiciária, à inspeção geral da área de saúde, e também falei com o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte para que imediatamente se tomassem providências para que isto não voltasse a acontecer, e se tirassem todas as consequências deste caso", adiantou Gouveia e Melo.

Atualmente estão a ser vacinados, por agendamento central, por auto agendamento ou por agendamento local, os utentes com idade igual ou superior a 30 anos e, na modalidade casa aberta, utentes com idade igual ou superior de 50 anos, "não estando previsto a vacinação de utentes abaixo das faixas etárias atualmente previstas, exceto utentes com as comorbilidades definidas na norma número 002/2021 da DGS ou outras exceções definidas na mesma norma", confirmou fonte oficial da task force ao Expresso.

O caso foi espoletado por uma publicação nas redes sociais da apresentadora Maria Cerqueira Gomes, que partilhou nas redes sociais que a sua filha Francisca, de 18 anos, tinha tomado a primeira dose de vacina. Segundo o coordenador do plano de vacinação, estas irregularidades que tiveram lugar no Porto irão ter consequências.

Posteriormente, Maria Cerqueira Gomes publicou no Instagram uma conversa onde descrevia como tinham sido vacinadas: "Ontem, na cidade do Porto e noutras cidades do Norte, abriram ao final do dia duas horas para pessoas a partir dos 18 anos...Podíamos aparecer sem marcação para se tentar controlar a quarta vaga. Eu fui vacinada, e a minha filha também...como todos os outros que souberam e estiveram horas como nós à espera de oportunidade".

Publicação de Maria Cerqueira Gomes em que explicava como ela e a filha de 18 anos tinham sido vacinadas
DR

O Expresso tentou saber junto da ARS Norte quantos jovens receberam vacinas indevidamente, referindo a assessoria ter sido aberto um inquérito para apurar responsabilidades. A ARS Norte não confirma que a diretora do ACeS do Porto Oriental tenha sido suspensa de funções, como adiantou a SIC Notícias.

"Eu não posso demitir ninguém, mas tem de haver consequências rápidas", garante Gouveia e Melo

"As consequências têm de ser tiradas rapidamente, porque não pode haver indisciplina no plano", enfatizou o coordenador da task force, referindo ter "uma equipa que regista todos os eventos suspeitos", e que nunca teve "um caso com esta dimensão de desobediência clara ao plano". "É a primeira vez", salientou.

"A vigilância sempre foi apertada, mas ninguém está livre de haver alguém, no meio da organização, que resolve fazer uma coisa deste género", salientou o vice almirante, reiterando que não pode "demitir pessoas", mas salientando que este ato para todos os efeitos "é de indisciplina e as consequências têm de ser tiradas, tratando-se de plano massivo que tem toda esta complexidade e urgência".

O vice-almirante Gouveia e Melo falou das irregularidades ocorridas no processo de vacinação no Porto enquanto está de visita ao Porto Santo, onde se prevê que este fim-de-semana 98% da população fique imunizada, pelo menos com a primeira dose.

"Estou muito agradado com o que vi na Madeira e no Porto Santo, com a organização e a forma como estão a conduzir o processo", considerou o coordenador da 'task force'.

"Hoje e amanhã vamos conseguir vacinar todas as pessoas elegíveis para vacinação, e é um passo importante numa ilha ultra-periférica e que não tem hospital", salientou Gouveia e Melo. "Fico impressionado com soluções locais, que também são exemplo para o todo nacional".

No Porto Santo, o vice-almirante adiantou ainda à imprensa esperar indicações da Direção-Geral de Saúde (DGS) com vista a iniciar o plano de vacinação para as grávidas.

Notícia atualizada às 14h30

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