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“Há famílias a passar já bastante mal em função da pandemia”. Os indicadores da pobreza vistos por Carlos Farinha Rodrigues

Carlos Farinha Rodrigues, economista e especialista em pobreza e desigualdades, antevê um agravamento muito forte da pobreza em Portugal em resultado da pandemia
Carlos Farinha Rodrigues, economista e especialista em pobreza e desigualdades, antevê um agravamento muito forte da pobreza em Portugal em resultado da pandemia
Marcos Borga/Visão

O professor e especialista em pobreza e desigualdades esperava já ver efeitos da pandemia no indicador de privação material de 2020 que, segundo o Instituto Nacional de Estatística, desceu. Medidas como as moratórias estão a ajudar as famílias e a “empurrar” o impacto na pobreza mais para a frente no tempo, explica

Ainda sem dados oficiais sobre o efeito da pandemia na evolução da pobreza em Portugal, o inquérito sobre as condições de vida da população divulgado esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que a percentagem de portugueses em privação material em 2020 diminuiu. Carlos Farinha Rodrigues, professor e especialista em pobreza e desigualdades, esperava já ver refletido neste indicador o impacto que a pandemia teve nos “milhares e milhares de famílias que viram os seus rendimentos diminuir”. Contudo, esses efeitos podem só estar a ser “empurrados para a frente no tempo”, em resultado, por exemplo, da suspensão do pagamento de prestações da casa e de créditos.

Há, porém, um sinal importante: o ligeiro aumento da percentagem de portugueses que não conseguem ter uma refeição com carne ou peixe (ou equivalente vegetariano) de dois em dois dias. Em 2020, são 2,5%, cerca de 260 mil, no ano anterior eram 2,3%. O especialista e professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) não tem dúvidas de que os dados da pobreza de 2020 vão “traduzir” as dificuldades sentidas por muitos portugueses que os indicadores indiretos, como os pedidos de ajuda alimentar, já apontam.

A partir dos dados revelados pelo INE já se percebe o efeito da pandemia na pobreza?
Percebe-se muito pouco ainda, porque grande parte do inquérito tem por base os rendimentos de 2019. É muito ingrato, porque é descrita uma situação globalmente positiva mas que já não corresponde à realidade atual. Os poucos indicadores que poderiam já dar alguma ideia do que se passou em 2020, como a privação material, praticamente não refletem a crise provocada pela pandemia. A sua leitura é muito condicionada por esta décalage da publicação dos dados.

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