Que avaliação faz da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior?
É uma oportunidade única que não podemos perder e, por isso, é também uma enorme responsabilidade para todos e para as instituições, em particular, de garantir que este aumento inédito do número de estudantes continue nos próximos anos e que estes prossigam estudos e se graduem. O aumento deste ano terá de ser seguido de uma redução do abandono. Essa é a oportunidade que não podemos perder nos próximos anos. O concurso nacional de acesso agora representado é muito importante, representa pouco mais de metade do número de estudantes e este ano tudo indica que vamos ter mais de 95 mil novos estudantes no ensino superior, o que é um marco particularmente inédito. Do concurso nacional de acesso, obviamente muito significativo, eu registaria que temos mais de metade dos jovens colocados em primeira opção, o que é muito importante. E temos também uma diversificação crescente das opções. O interior do país cresce 20%, os politécnicos crescem 18% de uma forma geral e, por isso, os jovens optam cada vez mais de forma diversificada, o que é um sinal de grande maturidade. Este concurso é relevante por ser um aumento, mas também por ser um aumento da diversificação das opções, e naturalmente agora acresce a responsabilidade das instituições de garantir a satisfação destas escolhas que os estudantes fizeram.
O ano letivo anterior teve de ser ajustado por causa da pandemia de covid-19. Quais os desafios para este novo ano?
Uma grande confiança mas naturalmente um apelo à responsabilidade de todos. Se é verdade que temos mais estudantes, se é verdade que temos mais condições para os receber e se é verdade que temos um objetivo claro de garantir o ensino presencial, é também verdade que temos de o fazer com grande responsabilidade e com muito realismo. Todos os dias são dias novos. Todos os dias temos de monitorizar as condições de propagação da pandemia porque sabemos que vamos ter um inverno durante o qual teremos de viver e conviver com a pandemia. E, por isso, temos de seguir os objetivos de formar mais presencialmente, com muito realismo e muita segurança. É isso que eu apelo aos jovens e a todas as instituições.
E que apelo faz aos estudantes que não foram colocados nesta primeira fase?
Temos mais seis mil vagas sobrantes e temos ainda a possibilidade de muitas outras vagas que podem vir a ser usadas por transferência em concursos especiais e que não foram usadas. Estou certo de que, à semelhança dos números dos últimos anos, vamos conseguir dar garantias para todos os jovens poderem estudar.
O jornal “Público” escreveu esta sexta-feira em manchete: “Governo prometeu 2.500 camas para universitários mas só há 300”...
Esses números não estão certos. Que fique bem claro que o número de camas disponíveis aumentou claramente este ano em 16%. E temos de perceber que há três tipos de camas: as camas nas residências, que, de facto, diminuíram, também devido às condições de segurança; as camas protocoladas com autarquias e instituições privadas, que aumentaram; e sobretudo o novo pacote de camas disponibilizadas pelos alojamentos locais e pelos hotéis, que aumentaram consideravelmente. Na súmula dos três pacotes temos um aumento de 16% no número total de camas. No que diz respeito às residências, tivemos uma diminuição de cerca de duas mil camas, associada às condições da covid. De facto, há um desafio grande, há um desafio crescente no alojamento, que não é novo, mas este ano, face à disponibilização de camas em alojamentos locais, estou certo de que este não será, de forma alguma, o principal problema do acesso ao ensino superior.
Qual será então o principal problema?
Não é um problema. É o desafio de garantir condições a todos os estudantes de prosseguirem estudos e que as ambições e as expectativas sejam devidamente satisfeitas porque este é um aumento muito grande do número de estudantes. E temos de ter a responsabilização conjunta de assegurar o acompanhamento próximo de todos os estudantes para que consigam prosseguir e concluir os seus estudos. Esse é, para mim, o principal desafio.
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