4 janeiro 2020 17:53

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4 janeiro 2020 17:53
Kvicha foi detido em Portugal depois de vários meses foragido na Europa. Era procurado pelas autoridades italianas por ter abatido a tiro um rival em Bari, em 2012. Essa missão iria coroá-lo “Vor v Zakone”, o título mais elevado entre a máfia georgiana. “Tornar-se-ia um líder de homens, um chefe. A cerimónia equivale a um renascimento espiritual e abre-lhe a possibilidade de recrutar subordinados, chamar a si o controlo de negócios emergentes. No contexto da máfia é o equivalente à atribuição de um grau de professor a um académico, ou à nomeação de um executivo para o cargo de presidente de uma grande empresa. Acima de tudo, um vor é um juiz a quem é exigido que aplique as leis do mundo do crime de forma justa e desapaixonada (zokon significa lei). É a oportunidade de uma vida, a concretização de um sonho”, escreve o italiano Federico Varese no livro “Máfia Life”.
Foi num estabelecimento prisional português que Kvicha acabou por se tornar “Vor v Zakone”, ainda antes de ser extraditado para Itália. “O avô Khazan, seu chefe, manteve a sua palavra e organizou uma cerimónia de iniciação na prisão. Durante a sua permanência em Portugal, Kvicha obteve, via Skype, o título de ‘Vor v Zakone’. Afinal, fora por ele que matara, naquela madrugada de 5 de janeiro de 2012. No distorcido mundo da máfia, fora esse o contrato que se esforçara por honrar”, lê-se em “Máfia Life”.
Outro “Vor v Zakone” famoso também passou por Portugal. Em março, a juíza Ana Peres mandou libertar Georgi Vatsadze, que estava em preventiva há mais de um ano sob suspeita de pertencer ao grupo de assaltantes. Estava acusado de associação criminosa, mas a juíza de instrução entendeu que não havia indícios suficientes deste crime. Por isso, o caso deixou de ser de especial complexidade e esgotou-se o prazo para a prisão preventiva, não dando outra hipótese a Ana Peres senão a de libertar o suspeito. Problema: Itália já tinha emitido um mandado de detenção europeu contra Vatsadze que tem quatro anos e meio de prisão para cumprir naquele país por furto e recetação. Rapidamente desapareceu de circulação.