2 janeiro 2020 12:40

horacio villalobos
Fundeado no rio Tejo, na zona de cruzamentos dos ferries que vêm do Barreiro, um navio com bandeira das Filipinas tem estado a sinalizar a sua presença. O problema é o nevoeiro e a buzina tem sido ouvida durante a madrugada em zonas como Beato, Areeiro, Penha de França ou Estrela
2 janeiro 2020 12:40
Desde a noite de passagem de ano que a buzina de um navio no rio Tejo se faz ouvir em várias zonas perto do rio pela noite dentro. Ainda que para quem vive junto do rio seja comum ouvir as buzinas dos barcos sempre que há nevoeiro, desta vez o som tem sido mais insistente, mesmo durante a noite. A culpa é do nevoeiro e do Western Miami, um navio que lançou âncora perto do Terreiro do Paço, na zona de cruzamento dos ferries que vêm do Barreiro e que está a respeitar detalhadamente o que o 'código da estrada marítima' prevê sempre que a visibilidade é reduzida.
Tal como existe o Código da Estrada, também os navios estão obrigados a respeitar o Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar. "A regra 35 deste regulamento define os sinais sonoros em condições de visibilidade reduzida. Um navio fundeado pode emitir três sons sonoros, sendo um curto, um prolongado e outro curto, com intervalos não superiores a um minuto", explica o comandante Fernando Fonseca, porta-voz da Autoridade Marítima, esclarecendo que este sistema de sinalização funciona de forma automática.
Hoje, os navios têm tecnologia capaz de identificar outras embarcações mesmo que não as vejam, por exemplo através de radares. Mas as embarcações mais pequenas podem não ter essa capacidade, o que ajuda a explicar por que razão o responsável pelo "Western Miami", com bandeira das Filipinas, está a cumprir de forma tão rigorosa o que o código define.
"Neste momento há visibilidade, portanto o navio já não está a sinalizar a sua presença. Mas quando a visibilidade voltar a ser reduzida é aconselhável que o navio faça notícia do local onde está, mais até porque está no cruzamento dos barcos da Transtejo", explica João Coelho Gil, capitão do Porto de Lisboa.
A capacidade de alcance do som da buzina de um navio é proporcional ao seu tamanho. E neste caso deverá chegar até três quilómetros. A verdade é que moradores em zonas como o Beato, Saldanha, Areeiro, Penha de França ou Estrela, em Lisboa, têm conseguido ouvir a buzina todas as noites. A presença do navio naquele local tem a ver com os movimentos do Porto de Lisboa, mas enquanto estiver fundeado e sempre que houver nevoeiro, continuará a ter de sinalizar a sua presença.
[artigo atualizado às 15h47]