Sociedade

Tratado sobre o bacalhau: é feio, cheira mal mas não é todo igual

josé fernandes

Está entranhado na identidade portuguesa desde o século XVI. Mas será que sabemos que bacalhau andamos a comer? Será que devemos comprar do seco ou do ultracongelado? Do mais branquinho ou do amarelado? Visitámos os três produtores mais importantes do país e as grandes mesas do Minho à procura das melhores postas e respostas

15 dezembro 2019 9:19

Ricardo Dias Felner

O périplo começa no Julinha, concelho da Trofa, e logo aí se percebe como no Norte a conversa é outra. Quando o prato chega à mesa soa um “uau” de admiração. Dez centímetros de altura, meio metro de comprimento, um bloco dourado como uma barra de ouro. As lascas são tão grandes que se separam, quase as podemos atravessar com o mindinho. Perante o espanto, Fernando Sá, cozinheiro e dono da casa, aproxima-se. “Isto não é nada. Há maiores”, diz. É um homem à medida do seu bacalhau, grande e largo. “Temos com sete, oito quilos. Uma posta dá para quatro pessoas.” O tamanho importa e impressiona, mas conta também o sabor. Na boca, sal para lá do ponto prescrito pelo médico — “como deve ser”; por fora crocante, por dentro a típica goma a soltar-se na boca, sinal de gordura, indício de que foi pescado antes da desova, entre janeiro e abril.

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