Sociedade

Governo também recebeu versões contraditórias no caso do bombeiro detido quando combatia incêndio: investigação está em curso

25 julho 2019 17:21

paulo novais/ lusa

Inquérito foi aberto pelo Ministério da Administração Interna. Para já, ainda não se sabe quando pode haver conclusões da investigação

25 julho 2019 17:21

Para já, o Governo só sabe apenas que há duas versões contraditórias da história da alegada ordem de detenção do chefe das Força Especial de Bombeiros por um militar da GNR: uma contada pela Proteção Civil, outra pela guarda. O Ministério da Administração Interna, que tutela as forças de segurança e socorro, já está a investigar o que aconteceu esta quarta-feira durante o combate aos fogos em Sobral do Campo, em Castelo Branco. Ainda não é possível antecipar uma data para conclusão da investigação.

Esta quarta-feira, um militar da GNR e o chefe da Força Especial de Bombeiros conhecida como “canarinhos” discutiram devido à tomada de decisão sobre como atuar no combate ao incêndio. Além disso, um bombeiro estava a tirar fotografias no terreno para as fazer chegar aos decisores que estão nas salas que controlam o combate aos fogos. “É o trabalho dele", disse ao Expresso fonte da Proteção Civil.

No entanto, o que aconteceu em seguida tem duas formas de ser contado. A Proteção Civil confirma que houve "de facto uma ordem de detenção”, assim como o Comando Distrital de Operações de Castelo Branco confirmou a detenção. "É uma detenção que a GNR tem de esclarecer", assegurou o comandante distrital. Já a GNR nega categoricamente a detenção. “É totalmente falso”, assegurou fonte da guarda.

Poucas horas depois do incidente, o bombeiro em causa já estava novamente no combate aos incêndios. Ao final desta quarta-feira, o Ministério anunciava a abertura do inquérito, pouco depois de Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, ter indicado ao Expresso que assim que tomara conhecimento do assunto havia pedido a Eduardo Cabrita, ministro que tutela a pasta, que o caso fosse investigado. A confirmar-se a detenção, diz o presidente da Liga, trata-se de “um abuso de poder” e o GNR em causa “não tem condições para exercer funções - isto não pode acontecer no teatro de operações quando a prioridade deve ser salvar as pessoas e os seus bens”.

No terreno, um militar da GNR funciona como um elemento da polícia criminal, ou seja, pode deter qualquer pessoa - salvo casos especiais, como juízes e magistrados - que encontre a cometer um crime. Já as identificações, que são mecanismos mais comuns, servem para que fique registado determinado acontecimento que possa ser visado no futuro por uma possível queixa.