22 maio 2018 12:33
tiago miranda
No mapa de Portugal há 20 concelhos pintados de vermelho, onde é maior a probabilidade de ocorrerem incêndios de grande dimensão
22 maio 2018 12:33
Cerca de meio milhão de hectares foram devastados pelas chamas em 2017, “mas ainda há muito para arder” em Portugal, constata José Miguel Cardoso Pereira, coordenador de um estudo da Universidade de Lisboa que coloca 20 concelhos do país pintados de vermelho.
A zona da serra de Monchique e áreas do Pinhal Interior que não arderam nos anos mais recentes são aquelas onde aumenta a probabilidade de o fogo atacar em força quando as temperaturas subirem em 2018, indica o mapa de risco elaborado por cientistas do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade de Lisboa, do Centro de Estudos Florestais (CEF) e do Instituto Dom Luiz.
Cruzando o histórico de incêndios, com a tipologia de floresta e as previsões meteorológicas e aplicando modelos matemáticos, os investigadores chegaram à conclusão que são 20 os concelhos onde é maior a probabilidade de ocorrerem incêndios de grande dimensão: Portimão, Monchique e Aljezur, no Algarve; Oleiros, Vila de Rei, Proença-a-Nova, Moimenta da Beira, Gavião, Sardoal, Sertã, Chamusca, Covilhã e Celorico da Beira, na região Centro; e Caminha, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Paiva, Vila Pouca de Aguiar, Baião e Ponte da Barca, a Norte.

Estes 20 concelhos correspondem a 1,9% do território, ou seja a 175 mil hectares. Se esta totalidade vier a arder, corresponde a cerca de um terço da área devastada no ano passado.
Estudo teve em conta numerosas variáveis
“O mapa foi concebido na base das células de 400 hectares e representa a probabilidade de arder uma área igual ou superior a 250 ha em cada uma”, esclarece José Cardoso Pereira. O professor do departamento de Ambiente e Recursos Naturais do Instituto Superior de Agronomia explica que elaboraram “um modelo estatístico que usa como variáveis o número médio de anos desde o último fogo, a área queimada em 2017, a média da área queimada anualmente nos últimos 40 anos e assume que o Verão de 2018 terá valores do índice de perigo meteorológico mais severos do que 27 dos últimos 30 anos”.
O objetivo, acrescenta José Cardoso Pereira, “é mostrar os locais mais problemáticos de modo a que as autoridades no terreno definam onde colocar os meios, focar a vigilância ou o patrulhamento ou apertar a dissuasão do uso impróprio do fogo”.
O mapa foi enviado para a Estrutura de Missão para a Gestão Integrada de Fogos Rurais que o fez chegar às entidades que coordenam os trabalhos no terreno (ANPC e ICNF). Tiago Oliveira, que chefia esta estrutura admite ao Expresso que “é informação técnica útil para apoio à decisão e que pode ajudar a definir prioridades”.
No início deste ano, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) elaborou um mapa que identificava 19 áreas onde o risco de incêndio é maior e que abrangia cerca de 180 concelhos e mais de mil freguesias em todo o país. O novo estudo vem agora fazer um zoom a estas zonas. “O ICNF jogou pelo seguro e delineou como problemática uma área muito mais vasta, enquanto nós fizemos uma análise mais matemática”, esclarece Cardoso Pereira.