Vinhos

O estranho (e injusto, já agora) mundo dos vinhos

14 maio 2023 9:25

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14 maio 2023 9:25

Ao entrarmos numa garrafeira ou loja de vinhos com pretensão de se diferenciar dos vinhos de supermercado, deparamo-nos com frequência com preços de garrafas que nos podem levar a colocar a uma questão, antiga mas sempre atual: mas será que isto se vende mesmo? E a quem? A diferença entre uma loja deste tipo e uma prateleira de supermercado é de tal forma abissal que ficamos claramente a saber que estamos num mundo a duas ou mais velocidades. Quem, como eu, frequenta supermercados numa base semanal com várias visitas, percebe que o que se vê chegar à caixa são, ou garrafas de vinho de preço muito baixo, ou caixas de bag-in-box. Todos sabemos que nos supermercados também há vinho de gama média e mesmo alguns caros, mas a verdade é que não se vê ninguém com estes produtos nos cestos.

Por isso mesmo, um responsável de uma garrafeira de supermercado de luxo não teve dúvidas em afirmar que a maioria dos vinhos caros que tem nas prateleiras estão ali porque sim e porque dá nome à loja mas que… não rodam, vende-se uma garrafa de vez em quando. Depois há o reverso da medalha que nos deveria envergonhar: assisti, na semana passada, ao lançamento do novo Porto vintage da Graham’s, da colheita de 2021. Produto de luxo e em quantidades mínimas, estou em crer que as 3000 garrafas se venderão num ápice, apesar de custarem mais de €300 cada. Este ano a Symington lançará no mercado alguns vintages que estiveram guardados em cave durante muitos anos, os chamados single quinta. São as melhores relações qualidade/preço que podemos encontrar no sector dos Porto vintage, como ficou demonstrado quando fomos informados que sairá um Vintage Quinta da Cavadinha de 2006 (Warre) que irá custar... vinte e pouco euros!