2 outubro 2022 19:59

charles o'rear
O crítico João Paulo Martins conta-lhe tudo sobre o mundo dos vinhos
2 outubro 2022 19:59
Um dos temas preferidos dos produtores de vinho é a idade das vinhas, quando dizem, com orgulho, “o meu vinho vem de vinhas velhas”. Ao afirmar isto estão a passar a mensagem que a qualidade vem da idade das vinhas e por isso merece ser referenciada. Dizer que o tema é controverso é pouco; o assunto ganhou destaque quando os produtores começaram a usar e abusar do epíteto que, diga-se, fica bem em qualquer rótulo. Creio que entre nós se começou a usá-lo, timidamente, em 1988.
A ideia pegou e de então para cá tem sido um fartar vilanagem. De tal forma se vulgarizou que alguns produtores procuraram nomes que pudessem ser mais originais — vinha centenária, vinhas antigas, primeiras vinhas — sempre com o intuito de marcar a diferença entre os vinhos que dali saem por comparação com os das vinhas novas. Uma amostragem de grandes vinhos do mundo (os mais famosos) revela-nos que praticamente todos têm origem em vinhas velhas e não é seguramente por acaso. Há assim um denominador comum, uma espécie de postulado que nos diz que de uma vinha velha pode sair um grande vinho. À falta de legislação específica que caracterize o conceito de “vinha velha” (lei de que muito se fala mas até agora não existe), usa-se e abusa-se dele, passando uma mensagem ao comprador que não é necessariamente verdade.