18 setembro 2022 18:59

george rose
A reflexão semanal de João Paulo Martins sobre o mundo dos vinhos
18 setembro 2022 18:59
Quando escrevo este texto anuncia-se tempestade da grossa para a semana que entra. Depois de tantos meses sem água, qualquer enxurrada traz mais prejuízos que vantagens. A necessidade de água nas adegas é enorme e vital na altura da vindima. Mas não é uma água qualquer porque não se devem lavar cubas e lagares com água da rede, cheia de cloro, ou mesmo qualquer água de rio (onde tal for possível) porque é indispensável que a água usada seja limpa, mas o mais neutra possível. Uma empresa do Douro estava, quando visitámos a quinta, a trazer água de Vila Nova de Gaia em camiões cisterna de 18.000 litros cada.
Esta quantidade será uma gota se pensarmos que se gasta três vezes mais água do que o vinho que no final se produz. As uvas, essas, coitadas, estão raquíticas, com pouco sumo e muito, mas mesmo muito desequilibradas, com acidez baixíssima. É um conjunto alarmante de fatores negativos que condicionarão, naturalmente, o resultado final da vindima. É também verdade que quem lida com centenas de hectares de vinha encontrará sempre, aqui e ali, uma ou outra parcela que dará origem a boas uvas, mas a fraca qualidade é geral. Haverá com certeza alguns produtores a afinar já o discurso final para o “ah e tal, afinal correu bem”, mas 2022 não vai seguramente ficar na memória por boas razões.