26 março 2023 8:51

antónio pedro ferreira
Com o despertar da primavera, ir à Madeira em Carcavelos é um remédio possível no Alkimia. Fortunato da Câmara, crítico gastronómico do Expresso, dá o veredito sobre os principais pratos da carta
26 março 2023 8:51
As cozinhas insulares no continente tardam em ter o relevo que merecem. A riqueza que existe nas diversas ilhas vai muito além dos clichés habituais. Técnicas recentes e outras abordagens na apresentação — sem que as receitas percam a sua essência — ainda não cativaram a nova geração de cozinheiros a fazerem restaurantes açorianos ou madeirenses mais autorais, ou com propostas atualizadas de pratos típicos. Ainda assim, a Madeira leva a dianteira em termos de notoriedade, liderada pela icónica espetada, havendo restaurantes nas regiões de Lisboa e Porto, e mais alguns espalhados pelo país. A representatividade dos Açores à mesa é bem mais discreta.
Há mais de 20 anos, ‘o tailandês das Caldas’ soava a piada exótica, mas era o excelente Supatra, junto ao quartel, hoje é usual haver ‘japoneses’ em Braga ou Coimbra, etc. Um ‘madeirense’ em Évora é sinal salutar de cruzar tradições entre regiões, além da capital. Este ecletismo regional deve ser estimulado. Quem vai ao Alentejo procura as especialidades locais, e muito bem, por isso os espaços de referência têm nome e reputação a preservar. Mas os que são de lá também querem coisas daqui e de acolá, e ganha-se visão crítica. Maria de Lourdes Modesto dizia com sabedoria que “há receitas que não viajam”, no entanto é possível ter alguns consulados gastronómicos, sem esquecer sazonalidade e geografia.