Restaurantes

Restaurante O Saloio, um clássico em terra dos salés

27 novembro 2022 18:15

ana baiao

A Malveira de rasto ancestral tem há mais de meio século sabores tradicionais à mesa de O Saloio. O crítico gastronómico Fortunato da Câmara provou os principais pratos da carta e dá o seu veredito

27 novembro 2022 18:15

Loures, Mafra, Sintra... São algumas das localidades onde se instalaram os çahrauii, vocábulo árabe que remete para “homens ou habitantes do deserto”, segundo o etimologista José Pedro Machado. Houve uma tribo do Saara que veio para estas terras, quando a aceção da palavra ‘moiro’ estava ligada a “originário de Salé”, o que terá dado origem à palavra çaloio, mais tarde grafada saloio. A explicação é rebuscada e nem é consensual. Há linguistas que lhe atribuem outra derivação: “Também se julga que çala venha de çalaio, tributo que pagavam do pão cozido os padeiros saloios, e que depois se estendeu a todos os padeiros, quer do termo, quer de Lisboa”, diz o livro “Portugal: Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico (…)”, que atribui à palavra çala ou salah, o nome das cinco orações diárias rezadas pelos mouros.

O fim da explicação é chegar até aos saloios, população moura já aqui residente quando Lisboa foi conquistada, e que D. Afonso Henriques permitiu que ficasse na encosta do Castelo de São Jorge, criando-se assim o bairro da Mouraria, ou que se fixasse no chamado “termo de Lisboa”, ou seja, nos seus arredores rurais. Tinham de ter uma função, daí que habitantes oriundos dessas zonas vinham diariamente vender os seus produtos a Lisboa, havendo também saloios a passearem vacas e perus pela cidade, ou lavadeiras saloias que tratavam das lavagens de roupa das elites da época.