22 agosto 2022 15:03

duarte drago / stills
O crítico gastronómico Fortunato da Câmara provou os principais pratos da carta e deixa aqui o seu veredito
22 agosto 2022 15:03
Tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia lá deixa a asa. O provérbio tem duas leituras: a óbvia, que mostra que a rotina de um gesto simples desgasta o cântaro de barro até ele se estragar, e a perceção indireta, de que arriscar muitas vezes numa coisa nem sempre pode trazer bons resultados. Quando em 2004, junto ao rio Guadiana, na localidade de Laranjeiras, nos arredores de Alcoutim, uma taberna dos anos 50 começou a ser convertida em casa de pasto, a Cantarinha do Guadiana resgatou sabores e produtos regionais, fazendo-se uma referência local. A sazonalidade, porém, é inclemente, e os clientes, a fonte que alimenta os restaurantes, não correm todo o ano pelas mesas interiores, à margem do outro Algarve.
Percebendo, deduzo eu, que uma cozinha robusta e prestigiada não pode estar à mercê de ser apreciada em épocas tão curtas, sob pena de o negócio se quebrar, a Cantarinha do Guadiana mudou-se para Vila Real de Santo António, em setembro de 2019. E eu diria que foi quase premonitório, pois com dois anos de pandemia de permeio não sei o que seria tentar resistir na anterior morada. Agora há uma pequena esplanada e duas salas, uma de entrada e depois passa-se com a cozinha à vista para outro espaço maior e também luminoso, na parte posterior.