Design

A impressora de casas: “jacto” de matéria já cria casas reais

1 abril 2023 15:21

Guta Moura Guedes

Guta Moura Guedes

Especialista em design

Não há muitas empresas que o façam, mas o princípio é o mesmo de uma impressora em papel

1 abril 2023 15:21

Guta Moura Guedes

Guta Moura Guedes

Especialista em design

Ainda não é, literal e imediatamente, possível. Mas é muito provável que o venha a ser. Talvez nunca tenhamos pensado que o princípio básico de uma simples impressora, das que alguns de nós temos em casa, ou no escritório, e para as quais enviamos ficheiros de texto ou de desenho, pudesse ser o mesmo que iria permitir imprimir objectos tridimensionais. Mas é. Na verdade, a impressora de papel nunca se democratizou totalmente e talvez nunca venha a ser um equipamento que consta da lista dos óbvios quando pensamos na paisagem doméstica ou de trabalho. Por uma razão simples: usamos cada vez mais o digital, quer seja por e-mail quer seja por WhatsApp, por exemplo, por motivos práticos e ecológicos. Mas em relação à habitação sabemos que não é assim. Ter uma casa é um direito e dificilmente será útil uma versão só digital. Sabemos, por isso, que ter casas acessíveis e de construção rápida é todo um outro tema e que a solução desse tema está para durar, como temos visto por cá.

O facto é que neste momento já se imprimem casas. Não há muitas empresas que o façam, mas o princípio é o mesmo de uma impressora em papel. De uma forma simplista podemos dizer que o ficheiro digital de uma casa, devidamente desenhado, se transforma numa realidade a três dimensões através de um “jacto” de matéria, tal como um jacto de tinta no papel materializa um texto. A impressora ainda não faz a casa na totalidade, é um processo que requer adição de componentes ao longo da construção, mas trata-se de uma revolução enorme numa indústria vasta e complexa e com benefícios em muitas frentes. Falamos de sustentabilidade em vários aspectos, desde o tempo que se poupa aos materiais que se usam; falamos de simplificação e eficiência; falamos de flexibilidade e durabilidade. Falamos de algo que vai mudar o paradigma da construção, quer em cenários urbanos e naturais em contexto de evolução programada quer em cenários de crise, como durante a guerra, ou de pós-crise, como depois de um sismo ou outras catástrofes naturais ou artificiais. Falamos de algo que pode ajudar, e muito, na resolução da acessibilidade à habitação própria, introduzindo novas dinâmicas.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.