19 março 2023 8:47

O mundo do design, com a análise semanal de Guta Moura Guedes
19 março 2023 8:47
Há duas semanas estive na Bolsa de Turismo de Lisboa a participar num debate sobre a sustentabilidade do sector e sobre qual deveria ser a agenda de um turismo de qualidade em Portugal. Falou-se sobre muita coisa, desde os temas relacionados com o ambiente, ao significado do novo luxo, aos mercados-alvo, à cultura, ao impacto social e económico. Falou-se também muito de identidade, factor que seguramente serve para diferenciar os destinos turísticos e para lhes dar atractividade e valor acrescidos. Mas só serve para isso se conseguirmos manter esse algo raro e precioso que é a identidade de um sítio, e se a conseguirmos fazer, também, evoluir no tempo sem que perca aquilo que lhe é estrutural e essencial.
Todo o tema se reveste de enorme importância no turismo e, é claro, existem alguns passos que já deveriam ser óbvios, tal como oportunamente recordou um dos membros do público que assistia ao debate, um dos nossos grandes hoteleiros, que veio sublinhar a enorme relevância do papel da arquitectura e do design nesta área e, também, dos empresários do sector do turismo e as autarquias — os primeiros desenham, os segundos propõem e os terceiros aprovam os projectos de arquitectura e de design de interiores. Com efeito, quando queremos fazer um novo hotel ou espaço dedicado a outro sector hoteleiro em geral, só há duas hipóteses: ou recorremos a uma estrutura já existente, um edifício construído num outro tempo, ou fazemos um projecto de origem, num espaço vazio, seja ele numa cidade ou em plena natureza. Pensando apenas na primeira hipótese há uma enorme diferença se o edifício que vamos renovar tem valor patrimonial histórico, arquitectónico ou simbólico, ou se não o tem. E aí a visão, a consciência e a inteligência dos arquitectos e designers têm um papel essencial no trazer da história para o presente numa actividade tão importante como a turística.