25 dezembro 2022 10:17
Na crónica desta semana, Guta Moura Guedes liga o mundo do design ao culto do nascimento
25 dezembro 2022 10:17
Nesta semana que antecedeu o Natal olhei em volta várias vezes, numa procura silenciosa. Queria encontrar na rua, noutras casas, em sítios, objectos cujo simbolismo, função ou mesmo só forma, associasse a esta época. Um exercício que deixa a nu, melhor dizendo, coloca à vista, todos os Natais que já passei, a minha educação e a forma como ao longo da vida foi evoluindo um momento do ano que tem tão variados significados para cada um de nós. Olhamos sempre com o que já vimos e sabemos, os cristalinos deixam entrar a imagem, feita de luz, mas quem vê é o cérebro e o coração. No filtro desta procura estavam todos os anos que já vivi, todos os livros que li e ainda tudo o que imaginei como sendo o Natal.
No mundo do design aprendemos que os artefactos que nos rodeiam para além de cumprirem funções e nos trazerem soluções, estão embebidos em simbologia e significado. Transportam neles informação sobre a espécie humana, revelam os nossos desejos e medos. A semiótica dos objectos às vezes surge de um gesto propositado, desenhado assim pelo designer; muitas das vezes é construída pelos milhares de utilizadores, que lhe vão dando mais e mais sentidos. E existem ritos e rituais, celebrações e festividades que convocam o espírito inventivo dos designers — mas também dos consumidores — em redor desta possibilidade de criarmos uma narrativa através dos artefactos.