Design

Decisões: a nossa espécie pode perecer, mas o planeta tem uma capacidade de renovação enorme

20 novembro 2022 14:29

Guta Moura Guedes

Guta Moura Guedes escreve semanalmente sobre Design

20 novembro 2022 14:29

Guta Moura Guedes

Escrevo enquanto decorre a COP27 no Egipto, onde países e os seus líderes se reúnem para tomarem medidas importantes sobre os temas das alterações climáticas. É o que se espera, pelo menos, sabendo que vamos tarde, muito tarde, nesta inversão do modelo de utilização do planeta onde vivemos. Ao meu lado, na secretária de onde vejo o Tejo e o mar, está um dos livros que raramente sai do pé de mim, o “Manual de Instruções para a Nave Espacial Terra”, de Buckminster Fuller, editado em 1969 e sobre o qual já escrevi aqui, e nas pilhas atrás das minhas costas, um dos primeiros livros e para o qual olho todo os dias, é “O Macaco Nu”, de Desmond Morris, de 1967. A minha edição, comprada quando tinha 14 anos, é das Publicações Europa-América, e tem a seguinte nota, que acho memorável, da parte dos editores: “A leitura deste livro, por razões de ordem científica, só é recomendável a adultos com a devida preparação cultural.” Os dois livros, tão antecipatórios, ajudam a reflectir sobre aquilo que, imagino, os líderes reflectem nestes dias no Egipto.

A boa notícia, que não está neles explícita mas que sabemos agora, é que o planeta Terra e o seu ecossistema se regeneram rapidamente. A nossa espécie não, essa pode perecer num instante, mas o planeta, caso não o façamos explodir, tem uma capacidade de renovação enorme. Isso dá-nos alguma esperança e sublinha a importância de todas as decisões que forem tomadas no sentido de inverter a marcha suicida que temos tido.