1 abril 2023 8:37

Nenhuma região do país é tão pródiga e generosa no recheio dos folares de Páscoa como Trás-os-Montes. A tradição mantém-se firme, e chega, pelas mãos de filhos da terra, a Lisboa e ao Porto
1 abril 2023 8:37
À primeira vista, um folar transmontano e uma bola de carnes podem parecer gémeos. Gémeos separados pelo tempo em que se consomem — o primeiro na Páscoa, a segunda o ano inteiro. Mas, como alguém disse um dia num momento de inspiração, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Apesar das semelhanças, folar e bola são produtos com uma diferença crucial. “A massa do folar é sempre enriquecida com ovos, é um bolo festivo, enquanto a bola de carnes leva uma massa menos rica, mais parecida com a do pão, porque era, tradicionalmente, uma forma de conservar os produtos que a recheavam”, explica Virgílio Gomes, gastrónomo transmontano, logo duplamente versado neste tema.
Centremo-nos então, e porque o calendário assim o exige, nos folares. Fazem-se sob essa designação em todo o país, com divergências na receita da massa, nas formas de a aromatizar, com ervas, especiarias e bebidas espirituosas, ou de apresentar: é mais comum o formato arredondado, mas, sobretudo no Alentejo, também lhe dão, por vezes, o desenho de animais de porte diverso, do borrego ao lagarto.