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“Pai para sempre”, um ensaio de José Gameiro sobre a paternidade (porque hoje é Dia do Pai)

19 março 2023 8:48

José Gameiro

mykhailo bieliaiev / eyeem

Poucas relações familiares tiveram e continuam a ter uma mudança tão rápida como a dos homens com os filhos

19 março 2023 8:48

José Gameiro

Quando o Expresso me pediu para escrever sobre o pai, a primeira memória que me veio à cabeça, foi o meu estágio em Psiquia­tria Infantil, em 1977. Estávamos a dar os primeiros passos na terapia familiar em Portugal, em que os pais eram tratados de igual para igual com as mães, ou seja, estavam os dois nas sessões terapêuticas. Na saúde mental infantil, então muito influenciada pela psicanálise, os pais ficavam à porta. Era um assunto de mães e crianças.

Apesar do papel paterno já ter começado a mudar, antes do 25 de Abril, mas com forte impulso depois, os pais continuavam a ser figuras secundárias, do ponto de vista emocional, no crescimento e desenvolvimento psicológico das crianças. Quando uma criança era observada clinicamente, a preocupação era a interação mãe/filho. Os pais ou eram classificados como ausentes ou não tinham interesse, o ser presente não era valorizado.