4 novembro 2022 20:40

Os cantos de sereia estão a ficar cada vez mais caros. Às vezes o melhor abrigo está onde não se espera...
4 novembro 2022 20:40
Em fevereiro de 2009, abriu em Lisboa, na Calçada Marquês de Abrantes, o restaurante Alma, do chefe Henrique Sá Pessoa. Viviam-se dias de crise económica e esse novo espaço marcava simbolicamente a chegada da bistronomie a Portugal. Um movimento iniciado em Paris, onde cozinheiros experientes abriam espaços informais (bistrôs) com uma cozinha cuidada, com um enfoque gastronómico. Sá Pessoa tinha saído do Hotel Sheraton e esta aposta teve grande sucesso, passando depois para o Chiado, com outro enquadramento e investimento, e que tem agora duas estrelas no guia Michelin. Os bons bistrôs entraram em modo estrela cadente, e surgem cada vez menos.
Passaram-se quase 14 anos. O mundo deu voltas imprevisíveis. A restauração explodiu e implodiu em reviravoltas. Uma pequena história. Em plena pandemia, entre confinamentos e restrições, cruzei-me com um empresário de restauração de relevo que estava naturalmente cético acerca do futuro. Apenas comentei que achava que as pessoas iam voltar a viajar e aos restaurantes com uma intensidade ainda maior. A atualidade parece confirmar isso, o problema é que as despesas também ficaram à espera dos clientes. Os preços dispararam. No campeonato das marisqueiras há pratos a custarem o mesmo que um menu de restaurante com estrela Michelin.