9 outubro 2022 20:59

O crescente interesse pela cerâmica traduz-se em novas marcas, formas de expressão e na redescoberta dos clássicos
9 outubro 2022 20:59
O renascimento da cerâmica portuguesa assume diferentes formas e feitios. Vê-se em jovens ceramistas dedicados a criar elegantes peças utilitárias e decorativas, em artistas de diferentes afinidades que descobrem em antigas técnicas e processos novas formas de expressão, e em quem, sem qualquer pretensão artística, não prescinde, no seu tempo livre, de pôr as mãos na argila, em workshops, cursos ou oficinas. A vitalidade atual da cerâmica expressa-se ainda numa indústria efervescente — Portugal é dos maiores exportadores do mundo e teve em 2021 o melhor ano de sempre. Entre empresas de cerâmica utilitária e decorativa, de usos sanitários, de usos técnicos e ainda de cerâmica estrutural (isto é, tijolos, telhas, revestimentos e pavimentos), operam neste sector, de acordo com a APICER (Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica), mais de mil companhias, a esmagadora maioria das quais são microempresas (ou seja, com menos de 10 trabalhadores).
Descortinam-se alguns paralelos ao percurso de Carlos Oliveira (n. 1963), ceramista e escultor, há 40 anos a “fazer bonecos”, como refere, desde a cerâmica tradicional das Caldas da Rainha, por onde começou, à arte pública na forma de esculturas com que nos últimos anos tem embelezado praças e rotundas por esse Portugal fora. Carlos tinha apenas 14 anos quando começou a trabalhar numa fábrica nas Caldas da Rainha, cidade de fortes tradições na cerâmica. Foi dos primeiros a inscrever-se no CENCAL — Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, onde voltaria para dar aulas, e na década de 80 fez modelação, design e moldes antes de criar o seu próprio atelier, onde chegou a ter 17 empregados e 200 clientes um pouco por todo o país.