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À descoberta da Geórgia: aqui a cultura também é líquida

3 setembro 2022 21:32

Ana Fonseca, Boa Cama Boa Mesa

d.r.

Da Tiblíssi vibrante – onde vários mundos e épocas se encontram à boleia da antiga Rota da Seda – às zonas rurais, uma nova geração abraça e renova as tradições seculares da Geórgia

3 setembro 2022 21:32

Ana Fonseca, Boa Cama Boa Mesa

“Gaumarjos!” repete Jaba Dzimistarishvili cumprindo a tradição de brindar primeiro à paz, depois ao motivo que nos leva ao fresco subterrâneo do Museu do Vinho, num dia quente de passeio pelo centro de uma Tiblíssi primaveril. Eleito o melhor sommelier da Geórgia nos últimos dois anos, representa a nova geração que abraça a história milenar de um dos maiores símbolos do país. Jaba trabalha com produtores de cinco das nove regiões vínicas demarcadas e com várias das 500 castas identificadas no território, perto de 40 utilizadas atualmente para produzir vinho. É incapaz de escolher uma favorita ou precisar quando o néctar começou a ser produzido na família. Não admira.

As talhas com resíduos de vinho, datadas de há 8 mil anos, encontradas a sul de Tiblíssi, fazem da Geórgia o berço mundial do vinho e a cultura vínica é transversal a todas as gerações, épocas e territórios. Para a grande maioria dos georgianos, é tão natural bebê-lo como produzi-lo. Mesmo em plena cidade, viver num apartamento não é impedimento. Depois, compete-se naquilo que é um verdadeiro “desporto nacional”: de copo na mão, entre vizinhos, amigos e conhecidos, discute-se quem produz o melhor néctar, explica Ketevan Akhobadze, guia turística também com formação de sommelier, que mostra a força milenar do vinho no país: “Uma pessoa podia ser muito pobre, mas a maior vergonha era não ter vinha.”