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Entre a praia e a piscina: toda a história da roupa de banho (e os modelos deste verão)

20 agosto 2022 13:27

Patrícia Barnabé

ilustrações mónica damas

A praia é um hábito social recente. Foi preciso inventar a cultura do lazer para aparecerem os primeiros modelos de fato de banho, e generalizá-la para podermos agora contar a sua pequena história. Por detrás da sua evolução, corre também a história do pudor

20 agosto 2022 13:27

Patrícia Barnabé

“Assim como quatro quintas partes do corpo humano são água, assim quatro quintas partes da grande corpulência do globo são mar. Parecendo separar os homens, o belo destino do mar é reuni-los.” Assim começa “As Praias de Portugal, Guia do Banhista e do Viajante”, livro agora reeditado pela Quetzal, onde Ramalho Ortigão traça um retrato do país a banhos no final do século XIX e nos recorda que “(...) o mar foi o primeiro guia da Humanidade”. Ir à praia, como evento social e familiar, “começou a desenhar-se na Europa Ocidental, ainda em meados do século XVIII, com motivações mais terapêuticas do que lúdicas, mas a sua difusão foi muito gradual”, diz-nos a historiadora Maria João Martins.

Assim, em Portugal, foi sobretudo a partir da segunda metade do século XIX que a ida à praia se tornou “numa prática desejável e bem vista, o que determinou o aparecimento de novas formas de organização turística”. Para isso muito contribuiu “o entusiasmo pelo mar dos reis Dom Luís I e Dona Maria, e do filho de ambos, Dom Carlos I. É a época em que surgem as primeiras estâncias balneares como Cascais, Estoril, Figueira da Foz, Espinho ou a Granja”. A corte passava as férias junto à praia e elegia Pedrouços, pela proximidade da capital e do rio, e as famílias nobres seguiam-na, assim como depois escolheram o Estoril, a Parede e Cascais.