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MET de Nova Iorque mostra o trabalho escravo de vários pintores, com Portugal na rota

14 abril 2023 7:59

the metropolitan museum of art

Agora e até 16 de julho, o Met tem em Nova Iorque a exposição “Juan de Pareja, Afro-Hispanic Painter”. É a primeira grande exposição de obras deste pintor apresentado como afro-espanhol e conta com um enquadramento histórico onde também se fala sobre Portugal

14 abril 2023 7:59

Roma, início de 1650. Há confiança ou tristeza neste olhar? O homem que nos olha a partir deste retrato chamava-se Juan de Pareja. E apesar da dignidade da roupa e da pose, o retratado era escravo. Juan de Pareja nasceu em Espanha e ao todo terá sido escravizado durante duas décadas pelo pintor Diego Velázquez, num contexto em que a escravatura alimentava Espanha e outros impérios coloniais, em vários continentes. Meses depois de a tinta ter secado na tela, Velázquez assinou um documento em que ficava prometida a futura libertação deste escravo, quatro anos mais tarde. Depois de libertado, Pareja dedicou-se à pintura em nome próprio. Mas quando posou assim para o seu proprietário, o pintor de origem muçulmana Juan de Pareja (1608-1670) ainda era assistente e escravo de Velázquez. Estavam os dois em Roma, onde Velázquez tinha a encomenda de retratar o Papa Inocêncio X. Esse retrato papal também existe, mas é muito mais especial este retrato de um homem negro, que nos olha nos olhos. Mais de 300 anos depois, o retrato foi comprado em leilão em 1971, depois de ter passado por vários proprietários. Mal a obra foi arrematada, houve uma salva de palmas. É que acabara de ser ultrapassado o recorde de preços de obras de arte, quase triplicando o valor anterior. O Metropolitan Museum of Art passou então a ter a honra de poder mostrar em permanência um dos mais importantes quadros da história da pintura europeia.

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