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Homens consomem mais notícias online do que as mulheres, mas discrepância entre géneros diminuiu na UE

Homens consomem mais notícias online do que as mulheres, mas discrepância entre géneros diminuiu na UE

A maioria dos europeus (72%) utiliza a Internet para se informar e em Portugal esta fatia é ainda maior (81%). A popularidade do consumo de notícias online é exponenciada pelas redes sociais, mas há outros fatores que influenciam a leitura de artigos em formato digital na União Europeia

Fazer scroll infinito no telemóvel até, sem querer, encontrar uma notícia partilhada por alguém e inconscientemente clicar nela. Este fenómeno é tão frequente que já tem um nome — incidental news — e está a ser catapultado pelas redes sociais. É cada vez mais comum as pessoas utilizarem a Internet para se informarem: na União Europeia 72% dos leitores consomem sites de notícias, jornais ou revistas online, segundo dados do Eurostat referentes ao ano passado.

A popularidade do digital é indissociável das redes sociais. “As pessoas veem muitas partilhas e consomem determinada informação porque lhes aparece na timeline”, nota Inês Amaral, investigadora no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Na esmagadora maioria das vezes, o acesso aos artigos é feito a partir de plataformas como o Twitter, ou de motores de busca como o Google. “Apenas 20% dos acessos são feitos através da entrada direta em sites de notícias”, diz Miguel Paisana, investigador no OberCom – Observatório da Comunicação, citando o Digital News Report 2022 do Reuters Institute for the Study of Journalism.

A dieta noticiosa consumida online depende dos algoritmos das redes sociais. “Se um utilizador interage mais com um determinado assunto, tendencialmente o que vai lhe aparecer no feed são mais coisas sobre esse assunto”, explica Inês Amaral, especialista em sociabilidades nas redes sociais e consumos mediáticos na era digital. É um ciclo vicioso que pode tornar-se perigoso: “Os modelos algorítmicos mostram conteúdos que legitimam a nossa visão do mundo, não tanto conteúdos que fazem questionar as nossas convicções”, complementa Miguel Paisana.

A maior leitura de artigos em formato digital acompanha a queda dos meios de comunicação tradicionais, sobretudo da imprensa, que se vê pelas tiragens dos jornais. Mas a circulação digital paga não está a aumentar de forma significativa para compensar a quebra nos lucros — “é um problema que vem desde o início da Internet e levanta várias questões, porque o bom jornalismo tem um custo”, adverte o académico do Instituto Universitário de Lisboa.

Em Portugal, o pagamento por notícias online não é ainda um hábito enraizado. Poderia dizer-se que, regra geral, as pessoas são reticentes a pagar serviços que existem na Internet, por considerarem que deveriam ser gratuitos, mas tal não é verdade: “Olhando para a economia digital, vemos que os portugueses estão a pagar por conteúdos sobretudo de entretenimento, nomeadamente o streaming de vídeo e de áudio. As notícias surgem num lugar muito inferior”, informa Miguel Paisana.

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