13 julho 2022 11:02

A exploradora e ativista socioambiental esteve recentemente em Lisboa, na cimeira da National Geographic, para falar da interconexão entre os seres humanos e o planeta
13 julho 2022 11:02
Estudou psicologia, arte e relações interculturais — só mais tarde seguiu as pisadas da família. Filha do explorador Jean-Michel Cousteau e neta do famoso oceanógrafo Jacques Cousteau, acabaria por interessar-se, como eles, pelo estudo dos mares e dos oceanos. Ativista socioambiental e produtora de cinema, é ainda designer de joias, consultora corporativa e exploradora. A Lisboa veio partilhar a sua experiência com as tribos indígenas do Vale do Javari, na Amazónia, onde explorou a forma como as nossas ligações vão além da cultura, do lugar onde vivemos e da língua que falamos.
Que lições é que o Vale do Javari traz para a preservação do ambiente?
A região do Javari tem 85 mil quilómetros quadrados, a dimensão de Portugal [continental], e 7 mil habitantes, 2 mil dos quais sem contacto com o exterior — o maior número de incontactáveis na Amazónia. É o exemplo perfeito de um lugar que foi preservado graças às tribos indígenas. Há menos desflorestação nos territórios indígenas do que nos conservados, pelo que a presença de humanos é benéfica se viverem em harmonia com os ecossistemas. Ainda assim, subsistem no Vale do Javari muitas atividades ilegais: desflorestação, mineração de ouro, pesca e caça ilegal, narcotráfico. O que é que isso tem a ver connosco? O ouro, por exemplo, é exportado — somos consumidores de algo que está a destruir esse ecossistema. Há muitas ameaças relacionadas connosco que colocam pressão num ecossistema do qual todos dependemos para o ar que respiramos.