25 junho 2022 19:49

País é também o décimo da Europa com mais obstetras e ginecologistas por mil habitantes. Mas sofre com a falta de especialistas no Sistema Nacional de Saúde. Há dificuldades na contratação de médicos e profissionais de saúde para o SNS
25 junho 2022 19:49
O caso de uma mulher grávida que perdeu o bebé por alegada falta de obstetras para a assistirem no parto no hospital das Caldas da Rainha pôs o país a discutir uma crise estrutural e de capital humano nos serviços de obstetrícia e ginecologia (mas não só) no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O incidente ocorreu há duas semanas, quando o serviço de urgência daquela especialidade estava encerrado por falta de médicos, o que terá atrasado o atendimento à mulher grávida. O sucedido motivou a abertura de um inquérito por parte do hospital, que participou o caso à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, e pôs o foco na falta de médicos de obstetrícia e ginecologia no SNS por todo o país — que, nesta época dos feriados de junho, levou ao encerramento de vários serviços de urgência pelo país ou a pedidos aos centros de orientação de doentes urgentes para reencaminhamento de utentes para outros hospitais.
Vários responsáveis, não só políticos mas também de organismos como o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Ordem dos Médicos (OM) — que, aliás, já denunciavam esta situação há algum tempo —, alertaram para a rutura nos serviços de ginecologia e obstetrícia e anteciparam o fecho de serviços por falta de recursos humanos, se nada for feito. A presidente da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto, Sara do Vale, afirmou inclusivamente “ser triste que se tenha tido que chegar a esse ponto [uma mulher perder o bebé] para se olhar de frente para um problema urgente”. Entretanto, e no rescaldo do sucedido, a ministra da Saúde apresentou um plano a dois tempos para responder à crise nas urgências — que não se verifica apenas na especialidade de ginecologia e obstetrícia —, no qual delineou um plano de contingência para o verão e admitiu analisar o pagamento de dias e horas extraordinárias, que muitos consideram insuficiente, iniciando ainda um concurso para contratar médicos desta e de outras especialidades. Mas adiantou que, infelizmente, não temos “médicos suficientes formados nesta área”. Será mesmo assim?