31 dezembro 2022 16:03

O detetive Benoit Blanc é o único repetente do novo "Knives Out". Daniel Craig (à dir.), aqui com Edward Norton (interpreta Miles) e Madelyn Cline (no papel de Whiskey), dá-lhe corpo e alma
john wilson/netflix
O superdetetive indiscreto que deixa toda a gente desconfortável descobre-se agora a banhos na ilha grega de um excêntrico multimilionário. Chegou o novo “Knives Out”, de Rian Johnson
31 dezembro 2022 16:03
Este simpático “Glass Onion: Um Mistério Knives Out”, ao contrário do que já se viu escrito, não é uma sequela do homónimo “Knives Out” de 2019 já que tudo muda de um filme para outro e, do elenco, só mesmo Daniel Craig repete a dose, dando continuidade ao papel do detetive Benoit Blanc. Faz mais sentido falar de um novo episódio, ou de uma lógica de seriado, tal como o espectador se adaptou, por exemplo, a seguir um novo episódio de Poirot ou de Sherlock Holmes. Também convém recordar que Rian Johnson, outro indefectível da película 35mm (como P. T. Anderson ou Tarantino), teve bons motivos para dar continuidade ao detetive que ele começou a burilar em 2005 (muito antes, portanto, do seu “Star Wars: Episódio VIII — Os Últimos Jedi”) e que só há três anos foi devidamente apresentado ao mundo.
“Knives Out” foi, em 2019, desde a estreia em Toronto, um assinalável êxito de bilheteira, também graças à proeza de ter reunido no elenco, para além de Craig, intérpretes com o gabarito de Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Don Johnson, Toni Collette, Frank Oz e até Christopher Plummer (foi um dos seus últimos papéis). Era um exercício cinematográfico despretensioso, tipicamente adaptado ao modelo policial do whodunnit, um filme entregue de coração aberto ao entretenimento, com o detetive Blanc a tentar deslindar a estranha morte de um riquíssimo patriarca, autor de novelas policiais, que vivia rodeado por uma família de herdeiros parasitas e gananciosos.