Teatro

No festival Alkantara é tempo de mostrar as outras vidas

11 novembro 2022 20:29

Claudia Galhós

“Sun & Sea”, das artistas lituanas Rugilė Barzdžiukaitė, Vaiva Grainytė e Lina Lapelytė

neom realism

Da praia ao kuduro, do Irão à Coreia do Sul: o festival Alkantara aí está, até dia 27, em Lisboa

11 novembro 2022 20:29

Claudia Galhós

O espetáculo de abertura do Alkantara transforma o espaço cénico numa praia. Tratando-se de uma ópera-performance, os intérpretes cantam em fato de banho, biquíni, e na posição em que se encontram: deitados em espreguiçadeiras, deitados de barriga para baixo a jogar damas, sentados a pôr creme, ler um livro ou brincar com um cão que anda por ali. “Sun & Sea”, das artistas lituanas Rugilė Barzdžiukaitė, Vaiva Grainytė e Lina Lapelytė, chega à Culturgest (hoje e amanhã), em Lisboa, depois da apresentação no Teatro Rivoli, no Porto, e com a distinção do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2019. Há muitos elementos distintivos nesta performance: o facto de o público assistir ao espetáculo de cima, de pé, a partir de uma estrutura de andaimes com três metros de altura que circunda toda a cena; os temas fundamentais que aborda — como as alterações climáticas, a forma como nos relacionamos uns com os outros e lidamos com o desconforto — articulam-se num sentido de humor peculiar; a peça inaugura a colaboração entre o festival lisboeta (com direção de David Cabecinha e Carla Nobre Sousa) e o Centro de Arte Moderna da Gulbenkian. A apresentação de dispositivos performativos desafiadores da norma é uma marca do Alkantara. Raramente são simplesmente dança ou teatro. Do mesmo modo, as questões suscitadas afirmam uma implicação política e social que reivindica um olhar crítico sobre o mundo em que vivemos ou propõe outros modos de vida.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.