17 setembro 2022 17:43

João Meireles e Américo Silva na primeira peça da nova temporada dos Artistas Unidos
jorge gonçalves
Em “Terra de Ninguém”, a precisão da escrita coexiste com a impossibilidade de uma fixação de sentido. No Teatro da Politécnica, em Lisboa, até 15 de outubro
17 setembro 2022 17:43
É a primeira peça da primeira temporada dos Artistas Unidos, depois do desaparecimento de Jorge Silva Melo. Com a sua ausência inevitavelmente presente, a apresentação da temporada decorreu na maior serenidade; o ensaio, da peça de Pinter, também. Como convém no teatro, aquilo que se dá a ver ao público, seja ele qual for, deve ser sempre impecável. A peça era um projeto de encenação de Jorge Silva Melo. Essa função passou, quase naturalmente, por assim dizer, para Pedro Carraca. Foram muitos anos de colaboração, e foram já algumas, quase sempre notáveis, encenações. Mas de que se trata? “Terra de Ninguém” estreou em 1975, em Londres, numa encenação de Peter Hall, com John Gielgud e Ralph Richardson entre os atores. São quatro personagens, Hirst, Spooner, Foster e Briggs; quatro homens. Passa-se tudo no mesmo lugar, no verão, entre a noite e a manhã seguinte. Hirst e Spooner têm cerca de 60 anos. Tudo parece diferenciá-los; Hirst é o dono da casa, e a sua sala reflete uma classe média alta, com um amplo cadeirão, estantes com livros, e um copioso bar; bem vestido; vive em Hampstead; tudo é caro. Spooner tem as roupas gastas, e parece ser tudo menos abastado. Encontraram-se num bar, e agora ali estão, na sala de Hirst, que desde o início vive, pelo menos parcialmente, conservado em álcool, como costuma dizer-se.
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