19 agosto 2022 22:05

“Mutabilia” é um espetáculo multidisciplinar onde a acrobacia se alia à arquitetura cenográfica para interrogar o que é o espaço comum
mao
Ensaio sobre a intimidade na Arruada, que se espraia por vários locais de Vila Real até dia 26. Com o Teatro do Mar, de Sines, e não só
19 agosto 2022 22:05
Chega a primavera e as artes saem à rua. Mas as artes na rua evoluíram e hoje, quando falamos de artes performativas contemporâneas, são artes de rua com temáticas, abordagens disciplinares e dramatúrgicas elaboradas. Tão elaboradas quanto o envolvimento emocional com o espectador. É por aqui que trabalha, desde 1986, instalado em Sines, o Teatro do Mar, e é disto que Julieta Aurora fala em “Mutabilia”, espetáculo multidisciplinar onde a acrobacia se alia a uma requintada composição visual e à arquitetura cenográfica para interrogar o que é o espaço comum, como entramos na vida uns dos outros, numa ideia líquida de casa, atravessada num movimento permanente entre interior e exterior.
Hoje, o Teatro do Mar está em Vila Real, no Festival Arruada, no início do próximo mês é o Teatro do Mar o anfitrião do festival, que acolhe, em Sines, as artes de rua contemporâneas, na quinta edição do M.A.R. — Mostra de Artes de Rua (de 22 a 24 de setembro). Em Vila Real, até dia 26, há Arruada — Ciclo de Artes de Rua de Vila Real. Por ali passam algumas das propostas mais entusiasmantes das artes performativas em espaço público criadas em Portugal e, no caso da Arruada, vindos de Espanha e de Itália. O Teatro do Mar é apenas um dos exemplos. Amanhã vem de Espanha “Panoli Kabareta” (no Largo da Capela Nova), da dupla Ganso & Companhia, de Gorka Ganso e Cecília Paganini. O trabalho é identificado como circo vaudeville e joga-se com recurso à linguagem da clown gestual, magia, vaudeville, equilibrismo e humor, construído a partir do enredo de um casal que quer ser artista e quer também muito agradar ao público, mas está constantemente a falhar. No fecho do Arruada há “Memória” (Largo Nossa Senhora da Conceição, dia 26), com direção artística de Bruno Machado, num espetáculo de circo contemporâneo do INAC — Instituto Nacional de Artes do Circo. Neste “Memória”, a interação constante entre corpo e objetos é o movimento de fuga do mundo. A partir de coreografias acrobáticas, mergulhamos na vivência interior de uma personagem perturbada, isolada e que, nessa solidão, inventa o seu quotidiano, numa relação criativa com os objetos que a rodeiam.