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Livros: Quando um poeta escreve em prosa sobre o amor. O anti-idealismo em Jorge de Sena

30 abril 2023 11:12

“Amor”, de Jorge de Sena, é um longo ensaio que conhece agora a sua primeira publicação autónoma. É sobre o amor, mas, acima de tudo, sobre a continuidade desta temática entre os cancioneiros medievais e o modernismo português

30 abril 2023 11:12

Escrito em 1971 para o “Grande Dicionário da Literatura Portuguesa e de Teoria Literária”, dirigido por João José Cochofel, este texto, que conhece agora a sua primeira publicação autónoma, não corresponde à ideia mais comum de ‘verbete’, seja pela extensão (uma centena de páginas), pelo estilo (veemente, sofisticado, tortuoso), seja ainda porque a segunda parte, propriamente literária, decorre de uma introdução programática e, à época, bastante controversa.

A tese é a de que há uma continuidade lírico-sentimental em matéria amorosa entre os cancioneiros medievais e o modernismo português. Durante séculos, seguimos um ideário de “espiritualização” da sexualidade, com amores impossíveis e lamentosos, ou destrutivos, como no mito inesiano, com traços satíricos em Gil Vicente, fatalistas em Bernardim, intelectualizados em Sá de Miranda. Camões é uma excepção. Compreendeu o amor como “a própria essência motora da dialéctica universal do pensamento ao conhecer-se como tal através da experiência de vida”. E uniu, na sua diversidade, o prazer e a alegoria, o ardor e o abatimento, o petrarquismo e o hedonismo.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.