18 março 2023 17:31

“A Grande História dos Mitos Gregos” é o primeiro livro de uma trilogia que Stephen Fry, ator e autor britânico, dedica ao tema
18 março 2023 17:31
Uma deusa que transforma em porcos os companheiros de um herói, um poeta que olha para trás quando não deve e condena a sua amada ao submundo, um rei que descobre que matou o pai e casou com a mãe. Estas são algumas histórias instantaneamente reconhecíveis que os mitos gregos nos deixaram. Como acontece com frequência, os mitos ecoam os de outras culturas. No “Velho Testamento”, Lot transformou a mulher num pilar de sal quando esta olhou para trás. Isso sugere a presença, senão de uma verdade universal, pelo menos de um arquétipo persistente. A versão que ficou mais forte na consciência foi a grega, dando origem a numerosas obras de arte, de poemas a óperas.
Na medida em que, na longa história da transformação das mitologias, isto acontece com muitos mitos gregos, justifica-se destacá-los. Stephen Fry, o ator britânico que os portugueses conheceram quando interpretou Jeeves numa adaptação televisiva das obras de Wodehouse, é um talento multiforme que, além do seu trabalho na TV, no cinema e no teatro, escreve romances e autobiografias. “A Grande História dos Mitos Gregos” é o primeiro de três livros sobre o tema (seguiram-se um sobre heróis e outro sobre Troia). Não se propõe recontar exaustivamente os mitos — vários dos mais famosos ficam de fora —, mas proporcionar uma introdução informal a um património que em tempos fazia parte da educação de qualquer pessoa culta. O texto segue o que teria sido uma ordem temporal: cosmogonia, criação dos deuses, criação dos homens. Deuses e homens estão muitas vezes em plano de igualdade, com aqueles a partilharem os sentimentos e as fraquezas destes. Fry acrescenta uma suave ironia que ajuda a aproximar ainda mais as histórias do leitor contemporâneo. Por exemplo, quando admite que Selene foi feliz com Endimion, embora ele estivesse sempre a dormir. Ao fim e ao cabo, tiveram 50 filhas.