24 dezembro 2022 20:19

Na Letra Livre, a opção foi enveredar pela edição de ensaios e ciências humanas.
O que leva alguém a editar um livro? Quem decide o que lemos? O livro em papel tem a sua morte sentenciada? Nos últimos anos, as editoras independentes têm contribuído para uma maior oferta e diversidade no panorama editorial português
24 dezembro 2022 20:19
O número provocou sobressalto: 61% dos portugueses não leram qualquer livro impresso no espaço de um ano, concluía um estudo encomendado pela Fundação Calouste Gulbenkian ao Instituto de Ciências Sociais (ICS), sobre as Práticas Culturais em Portugal, efetuado entre setembro e dezembro de 2020 e divulgado em fevereiro deste ano. Perante estes números, como explicar que tenham surgido tantos projetos de edição independente novos nos últimos anos? Uma primeira resposta ultrapassa a questão do negócio. Se lemos e damos a ler o que está disponível impresso, primeiro é preciso que existam autores, editores e livreiros que tornem essas obras disponíveis. Os grandes grupos editoriais e livreiros atuam numa lógica de mercado, onde o livro que se decide publicar tem um lucro esperado, mais ou menos imediato.
O autor e editor André Schiffrin (1935-2013) escreve sobre as transformações na realidade editorial americana desde o fim da II Guerra Mundial, onde aquisições e fusões de editoras começaram a acontecer. O seu livro “O Negócio dos Livros — Como os Grandes Grupos Económicos Decidem o Que Lemos”, publicado em Portugal em 2013 pela editora e livraria independente Letra Livre, é uma chave para perceber as mudanças da cena editorial portuguesa, profundamente alterada, há pouco mais de 10 anos, com aquisições de editoras médias por parte dos grandes grupos editoriais.