10 dezembro 2022 21:52

Bábi Iar ficou na história como um dos episódios mais violentos da ação dos Einsatzgruppen, quando os alemães entraram na União Soviética, em 1941
hulton archive/getty images
O ucraniano Anatóli Kuznetsov nasceu após o massacre de Bábi Iar, em que 33 mil judeus foram executados em menos de 24 horas. Cresceu na sombra destas mortes e escreveu um romance histórico e documental, “Bábi Iar”, onde relata “como tudo aconteceu”
10 dezembro 2022 21:52
O Holocausto é geralmente associado a Auschwitz e ao Zyklon-b, mas antes do gás havia as balas. Nos países de leste invadidos por Hitler, os Einsatzgruppen mataram mais de dois milhões de pessoas em execuções a tiro. Só entre 29 e 30 de setembro de 1941, dias após a tomada de Kiev pelo exército de Hitler, 33.771 judeus foram fuzilados em Babi Iar, uma ravina junto à cidade. Foi um dos maiores massacres desse género, mas a seguir à guerra as autoridades soviéticas não quiseram promover a sua memória. A comunidade a que pertenciam as vítimas terá sido um fator, num regime onde o antissemitismo era forte. Um memorial judeu foi finalmente instalado em 1991, na altura em que a URSS acabou.
Em 1943, Anatóli Kuznetsov era um ucraniano de 14 anos que vivia em Kiev. Embora tivesse ouvido falar bastante do que se passava em Babi Iar, só pôde visitar o local quando os alemães partiram. “A areia costumava ser boa, grossa, mas agora, por qualquer motivo, encontrava-se semeada de seixos brancos”, recorda. “Baixei-me e peguei num desses seixos. Era um pedaço calcinado de osso, branco em cima e preto por baixo (...). Havia um sítio onde a areia era cinzenta. De súbito, apercebemo-nos de que caminhávamos sobre cinzas humanas.”