22 outubro 2022 17:14

Max Hastings recorda a crise dos mísseis de Cuba, episódio crucial do século XX que ganha hoje novas leituras
roberto ricciuti/getty images
Max Hastings, veterano jornalista e autor de mais de trinta livros, relata em “O Abismo” a crise dos mísseis da Cuba e a escalada nuclear. Venceu a sensatez
22 outubro 2022 17:14
Numa altura em que os contratempos de Putin na Ucrânia tornam a utilização de armas nucleares na Europa uma possibilidade real, tem especial relevância lembrar o momento mais perigoso da Guerra Fria, em 1962. Cuba, onde no ano anterior os Estados Unidos tinham tentado derrubar o jovem regime castrista com uma invasão mal preparada, acordou em julho acolher mísseis balísticos soviéticos, e em outubro o processo ia avançado. Conforme recorda “O Abismo”, a ideia do secretário-geral do PCUS, Nikita Kruschev, era surpreender os EUA semanas depois, apresentando a instalação como irreversível. Mas a descoberta aconteceria antes. “Os americanos remoeram uma e outra vez a sua perplexidade ante a forma desastrada como os soviéticos tinham lançado a sua jogada, deslocando enormes mísseis por trilhos de terra, a pé, com escassa preocupação de camuflagem”, escreve o autor. Em 14 de outubro, uma fotografia tirada por um avião espião americano forneceu uma prova indesmentível, e a partir daí não podia haver hesitações. Se os arquivos soviéticos permanecem fechados, na América é possível reconstituir em detalhe o processo decisório americano, mostrando como o Presidente John F. Kennedy resistiu à urgência de chefes militares para bombardear e invadir a ilha.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.