François Bougon, antigo correspondente da France Presse em Pequim, entrevistou intelectuais e leu textos teóricos de Xi Jinping para escrever “Na Cabeça de Xi”, um livro que desvenda o neo-autoritarismo do Presidente chinês e é lançado em Portugal a dias do Congresso do Partido Comunista Chinês o eleger para o terceiro mandato
Em janeiro de 2013, menos de dois meses depois de assumir o mais alto cargo político da China, o novo secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping, confrontou o Comité Central com esta pergunta: “Porque é que o Partido Comunista da União Soviética perdeu o poder?” Entre as “principais razões”, destacou o “niilismo histórico”. “Lenine e Estaline foram rejeitados”, explicou então o atual Presidente chinês: “A confusão ideológica estava por todo o lado. [...] Embora sendo um grande partido, o Partido Comunista da União Soviética dispersou-se como um bando de pardais.” Na China, a história ensinada nas escolas e divulgada na imprensa é uma narrativa sem páginas negras ou críticas que possam questionar a heroica epopeia comunista.
Para o sinólogo e jornalista François Bougon, antigo correspondente da France Press em Pequim, Xi é “o anti-Gorbatchov” e “pretende implantar um neoautoritarismo apoiado num Estado forte”. Mais de 30 anos depois do colapso da URSS, o PC chinês continua a estudar os “erros” cometidos em Moscovo. O estudo concentra-se na “esfera ideológica”, onde a ortodoxia marxista-leninista se mantém no posto de comando.
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