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As teorias da poesia ajudam-nos a ler poemas? Harold Bloom por Pedro Mexia

18 setembro 2022 18:01

T. S. Eliot, o poeta inglês, declarou que “os poetas imaturos imitam; os poetas maduros roubam”

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A dança a quem dança. Em “A Angústia da Influência”, escrito em 1973, Harold Bloom analisa a noção de ‘influência’ na poesia e nos poetas

18 setembro 2022 18:01

A poesia, sobretudo quando “difícil”, favorece as teorias da poesia. Mas as teorias ajudam-nos a ler poemas ou são apenas hipóteses poéticas? “A Angústia da Influência” (1973), o mais célebre dos ensaios sofisticados de Harold Bloom (1930-2019) não responde em definitivo a esta pergunta.

Bloom parte de uma ideia que não é um achado, nem um argumento, mas uma evidência: a ideia de que quando lemos um poema podemos detectar a presença de outros poemas, de outros poetas. Trata-se de uma noção de “influência” que vem da astrologia: há astros (os poetas anteriores) que determinam o destino (dos poetas posteriores). Mas Bloom não quer ser pedestre, ignora a “inspiração” e outras ingenuidades, empregando “termos problemáticos” (como lhes chama o tradutor, Miguel Tamen), o mais conhecido dos quais é “misreading”, e tomando de empréstimo seis modalidades de “encobrimento poético”, seis formas de combate ou de defesa do poeta posterior face ao anterior: “clinamen”, “tessera”, “kenosis”, “demonização”, “askesis” e “apófrades”.