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Portugal, Portugal: a fotografia de Artur Pastor num “país de contrastes”

11 setembro 2022 19:31

Cristina Margato

Cristina Margato

texto

Jornalista

A edição deste álbum inclui um texto do fotógrafo em que este diz registar “pedaços de imprevista paisagem (...), labores campestres, acompanhados de coros de passarada, casitas alvas, perdidas, ou, ainda nas alturas, velas de moinho (...) ou cenas de mar (...) um desfilar, sem fim e sem repetição, de toda a existência pátria”

artur pastor

Testemunhos de um país que já não existe reúnem-se em livro. Artur Pastor, o fotógrafo que, enquanto regente agrícola, escrutinou a “existência pátria” ao longo de 50 décadas, deixou uma herança impressionante

11 setembro 2022 19:31

Cristina Margato

Cristina Margato

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Jornalista

As imagens de um Portugal que já desapareceu podiam impressionar, por si só. Mas nas fotografias de Artur Pastor (1922-1999) acresce à etnografia a arte da composição, a beleza e a harmonia. O fotógrafo que, enquanto regente agrícola, escrutinou a “existência pátria”, calcorreando os caminhos de Portugal e as suas bifurcações, ao longo de 50 décadas, deixou uma herança impressionante. Uma pequena parte desse legado está agora reunida num livro, “Portugal, País de Contrastes” (Majericon), que inclui um texto seu, como o mesmo título, em que é evidente o seu deslumbramento “por um inesgotável manancial” que observa nessas viagens pelo país, tal como a sua admiração pelo “infinito de enternecedores detalhes” com que se confronta.

Artur Pastor não têm um objeto de estudo, um sujeito, dentro do que ele considera a “existência pátria”. Ele investiga essa pátria, e abraça-a na paisagem, nas gentes, nos pormenores. Documenta de modo contínuo os portugueses que trabalham, a paisagem e a arquitetura em que existem, a labuta na agricultura e na faina, ou as sementes e redes que lançam. Como escreve no texto incluído no livro “serão pedaços de imprevista paisagem, silente e acolhedora, troncos bizarros, copas frondosas ou clareiras onde se avistam serranias (...), labores campestres, acompanhados de coros de passarada, casitas alvas, perdidas, ou, ainda nas alturas, velas de moinho (...) ou cenas de mar, com trajos coloridos, feiras buliçosas, será um desfilar, sem fim e sem repetição, de toda a existência pátria”. Nas fotografias que fez, seja pela quantidade ou pela qualidade, há um modo metódico, obsessivo, perfeccionista, quase científico, que ressalta.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.