12 agosto 2022 20:46

Em maio de 2016, Pires de Lima escrevia: “Putinlândia poderá ser tomado como excessivamente dramático, antecipando uma hecatombe que, espero, nunca venha a acontecer”
alexei druzhinin/getty images
Um ensaio sobre o modus operandi do Presidente russo, com sucesso empurrado por um Ocidente demasiado confiante. Um livro originalmente publicado em 2016 que agora se vê, compreensivelmente, aumentado
12 agosto 2022 20:46
A primeira ideia que a leitura de “Putinlândia” suscita é que a memória é muito curta. E que os mecanismos que se utilizam para ajudar a fixá-la (media, literatura, comentário, análise, opinião) estão tomados pela volatilidade destes dias, que são maximamente representados pelo contínuo scroll down, que caracteriza o gesto único das redes sociais.
Bernardo Pires de Lima escreveu este livro em 2016, reviu a reedição que a Tinta da China tem agora à venda, acrescentando-lhe uma segunda introdução, dois novos capítulos dedicados ao período entre 2017 e 2022, e um “refecho”. Com isso, tem um corpo de análise articulado com os factos que nos trouxeram ao presente tal como ele está a acontecer (“o pessimismo justifica-se”, lê-se no fecho da edição original) e sobre o qual se escreve todos os dias rios de tinta com défice de análise, em grande parte dos casos. De resto, tudo o que lá estava escrito em 2016 permitia já duas coisas essenciais para a organização do pensamento sobre o mundo: rever e antever, seja qual for a ordem mais favorável.