29 abril 2023 16:53

Revolucionário mas destrutivo, o plástico passou de solução a problema ambiental. O MAAT, em Lisboa, consagra-lhe uma exposição de mais de 400 peças, em parceria com o Vitra Design Museum e o V&A Dundee
29 abril 2023 16:53
Entramos numa sala escura e o nosso olhar é imediatamente puxado para o planeta azul. Meio planeta Terra num ecrã que se completa através de um vidro espelhado no chão, iludindo o nosso olhar nesse prolongamento que lhe dá forma. Ao som de ‘Danúbio Azul’, somos conduzidos durante nove minutos nesta valsa imersiva ao longo do tempo, que — através de dois ecrãs gigantes em polos opostos que se fecham sobre nós — confronta nascimento e morte, progresso e declínio, solução e problema, evolução e destruição. Uma dança que nos guia pelo aparecimento de formas de vida microscópica nos oceanos da Terra e a sua decomposição e acumulação ao longo de centenas de milhares de anos no fundo do mar, sob a forma de petróleo, contrapondo-a com a descoberta da promessa do plástico gerado a partir desse combustível fóssil, bem como a sua posterior omnipresença e contaminação dos ecossistemas marinhos.
A valsa de Johann Strauss II não é apenas um artifício destinado a conferir maior dramatismo ao conjunto. “Danúbio Azul” fora apresentado ao mundo não austríaco em 1867 na Exposição Universal de Paris, onde também Alexander Parkes seria galardoado com uma medalha de prata pela descoberta do parkesine, o primeiro plástico criado pelo homem.