12 fevereiro 2023 11:00

Jonathas de Andrade usa o lugar incerto dos sentimentos como a ignição que nos permite ler a realidade por entre as suas linhas rígidas
bruno lopes
A partir de um olhar homoerótico, o artista brasileiro Jonathas de Andrade abre brechas por entre tradições cristalizadas e silenciamentos duradouros. “Olho-Faísca”: no MAAT, em Lisboa, até 30 de abril
12 fevereiro 2023 11:00
O corpo masculino é o eixo desta primeira apresentação extensa (10 obras) que o brasileiro Jonathas de Andrade agora entre nós apresenta. Se essa condição é central na obra do artista, a curadoria de João Mourão e Luís Silva acentua-a deliberadamente. As obras aclaram o modo como o corpo é o detonador e o alvo de uma série de embates: o corpo erotizado; tornado mercadoria; configurado pelo trabalho; confiscado ao equívoco identitário, ou arregimentado a uma ordenação rácica ou religiosa; a uma determinação cultural prévia ou absorvido pelo carrossel do consumo ou da exploração. Nordestino, com uma obra temporalmente paralela às oscilações alternadas de degradação e esperança que o Brasil conheceu nos últimos 20 anos, Andrade conhece bem este jogo. Talvez por isso desmantele, com tanta eficácia, as relações de poder, as dominações e sufocamentos do contexto pós-colonial brasileiro.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.