20 novembro 2022 16:38

O que no trabalho de Berlinde de Bruyckere faz a diferença é a combinação de uma intensa noção de fisicalidade com uma espessura trágica
bruno lopes
Amparo e tormento. Em “No Life Lost – After Humanity”, Berlinde de Bruyckere diz-nos que a consciência não dispensa o corpo. Na Galeria Pedro Cera, em Lisboa
20 novembro 2022 16:38
Os cavalos são uma obsessão da arte contemporânea. Dos animais vivos exibidos por Jannis Kounellis às pinturas líricas de Susan Rothenberg, passando pelos espécimes embutidos em paredes de Maurizio Cattelan, há um mar de representações equinas que explora a condição paradoxal de um animal elegante, imponente e, ao mesmo tempo, frágil.
É trágica e estranhamente erótica a visão da artista belga Berlinde de Bruyckere (Gante, 1964), como o mostra a sua primeira exposição individual em Lisboa, na Galeria Pedro Cera, uma apresentação que reúne obras de 2014 até ao presente. Nela, o cavalo não é um mero arquétipo ou projeção simbólica, mas uma presença intensa, quase real, que nos confronta com a metamorfose, o sofrimento e a inexorabilidade da morte.