6 novembro 2022 19:26

A exploração do paradoxo prolonga-se num conjunto de instalações nas quais a linguagem é decisiva
bruno lopes
A obra de Didier Fiúza Faustino é um ensaio sobre ergonomia e biopolítica. “Exist/Resist”, uma exposição para ver no MAAT, em Lisboa, até 6 de março de 2023
6 novembro 2022 19:26
“O teu corpo é um campo de batalha”, lembrava Barbara Kruger no final dos anos 80. Podíamos acrescentar que também é um carrossel. Didier Fiúza Faustino (D.F.F.) (n. 1968) anda há quase 30 anos a rondar este paradoxo como se pode constatar na poderosa exposição que o franco-português apresenta neste momento no MAAT. Os seus objetos e estruturas movem-se criticamente, quase sempre com ironia e humor, pelos diversos âmbitos da vida, tentando surpreender o indivíduo nas zonas onde prazer, constrangimento, euforia e melancolia se misturam. E esse lugar é o corpo, alvo de todas as seduções e de todas as violências. Com uma formação na área da arquitetura, D.F.F. desenvolve trabalhos nessa área, na do design e da arte. Mas, mais importante, a sua obra desinquieta permanentemente as fronteiras, os métodos, e as expectativas com que costumamos olhar esses campos. O que une tudo isso é o horizonte multiforme dos espaços, territórios e acomodações da vida coletiva contemporânea. Recorrendo a meios como o vídeo, a instalação, a escultura ou o texto, este é um trabalho que oscila permanentemente entre o diagnóstico e a aspiração, entre a constatação da dissolução tardo-capitalista e a possibilidade de uma transformação da vida através das suas condições materiais.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.