Dança

Peter Handke dança com Olga Roriz

12 maio 2023 20:18

Claudia Galhós

A obra de Handke, de 1992, já tantas vezes encenada, retrata a circulação numa praça de uma cidade

paulo gomes

“A Hora em que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros”, de Peter Handke, por Olga Roriz. No São Luiz, em Lisboa, até dia 21

12 maio 2023 20:18

Claudia Galhós

Desta vez, Olga Roriz abriu as páginas de um texto teatral, “A Hora em que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros” de Peter Handke, para criar um espetáculo. O palco é simbolicamente um espaço público onde se cruzam personagens de um ecossistema muito diverso da vida humana. A obra de Handke, de 1992, já tantas vezes encenada, retrata a circulação, numa praça de uma cidade, de figuras familiares do quotidiano e outras absurdas ou surreais. Na dança de Olga, estamos noutro sítio, noutro tempo, e a paleta de pessoas que atravessam aquele lugar move-se por entre uma destruição que diz muito do que andamos a fazer na Terra.

Não há muito de novo nesta criação de Olga Roriz. É ela mesma quem o afirma ao Expresso. A grande novidade é essa primeira abordagem à criação a partir de um texto teatral. Mas também é um texto teatral peculiar. Não há diálogos, apenas uma sucessão de descrições de pessoas (algumas talvez não caibam nessa definição…), de como estão vestidas, às vezes qualquer coisa sobre quem são. Pode ser um bombeiro, um patinador, um varredor, um jovem executivo, mas pode também ser “duas figuras indefiníveis”, “uma mulher de lenço na cabeça e botas de borracha, carregando um regador e um ramo de flores já murchas” ou ainda “qualquer coisa entra, pairando”. Há descrições de gestos, de como andam, como se comportam, o percurso que fazem a atravessar a praça-palco.