9 dezembro 2022 19:53

O balanço do ano na dança em Portugal: os 10 espetáculos eleitos pelos críticos do Expresso
9 dezembro 2022 19:53
Numa mesma noite passeamos pela abrangência significativa da escrita do corpo, sem opressões nem ditaduras de juízo de valor sobre qual a abordagem artística, estética ou temática mais legitimada institucionalmente como dança artística neste século XXI. Esta é uma questão fundamental que se coloca à dança, às instituições (espaços de teatro ou companhias nacionais) e a cada pessoa enquanto participante ativa de uma sociedade.
Este programa do Ballet National de Marseille, que responde a uma conceção clara de posicionamento político do corpo que dança pelos (LA)HORDE, é uma resposta entusiasmante a formas alternativas de organização, radicalizando as reivindicações dos pós-modernistas de 1960 de desierarquização do corpo e das instituições. A discussão está aí e está acesa. E vem com outra, que pode ser levada para dois extremos: a arte só é relevante se for política (a polémica lançada pela Documenta de Kassel, programada pelo grupo Ruangrupa de uma forma desierarquizada e participada, onde todos os gestos artísticos são políticos) ou a arte política arrisca perder a sua dimensão estética e já não é arte.