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Cinema: em “As Bestas”, a 'maldade' vem da existência de um casal de franceses que se instala numa localidade galega

Cinema: em “As Bestas”, a 'maldade' vem da existência de um casal de franceses que se instala numa localidade galega

Rodrigo Sorogoyen realiza o drama, uma produção franco-espanhola com Marina Foïs, Denis Ménochet e Luis Zahera nos principais papéis. O crítico Francisco Ferreira dá-lhe três estrelas

Este multipremiado filme espanhol de Rodrigo Sorogoyen retrata uma Galiza muito antiga, popular e visceral, tão repleta de lendas como de histórias de violência. Os rostos das personagens falam por elas. O que mais vem à tona neste contexto é a hostilidade que existe entre os seres humanos. E um ódio entre vizinhos que, afinal, é vício comum a todas as culturas e nacionalidades.

A proposta é tanto mais surpreendente pelo facto de Sorogoyen conseguir introduzir neste jogo social massacrante uma conseguida linha de filme policial que podia ter destruído o projeto. O assunto de “As Bestas”, no fundo, não é novo para o cineasta madrileno de 41 anos há pouco incensado pelos prémios Goya da indústria do nosso país vizinho.

“O Reino”, um dos seus filmes anteriores, tratava de um político corrupto que era abandonado por todos os que dele se haviam servido após ser exposto em praça pública. “Madre” falava de um distúrbio psicológico grave, o do encontro de uma mulher com um adolescente em que ela identificava o seu próprio filho desaparecido uma década antes. Em todas estas obras há um mal social a tomar conta do jogo.

No caso de “As Bestas”, a ‘maldade’ vem da existência de um casal de franceses que se instala numa localidade galega, Antoine e Olga (Denis Ménochet e Marina Foïs). Para ali levam eles uma exploração agrícola biológica e um projeto imobiliário promissor, causando a inveja dos locais. Nos cafés, que recordam os bares dos westerns, fazem-se juras de morte entre o alcoolismo e o corte na casaca. Dois irmãos galegos, Xan e Lorenzo, tomam então a responsabilidade de encarnarem o antagonismo desta má vizinhança, à medida que a antipatia e as querelas vão aumentando de tensão, até à paranoia.

Mesmo sem uma ideia de guião que possa ser considerada original, Sorogoyen tem um ponto a seu favor, um ótimo elenco de principais e secundários, capaz de dar corpo e envolvimento dramático a esta história de ressentimentos.

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