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Cinema: “Crónicas de Vesper” é uma ficção distópica sobre um futuro pouco risonho

Cinema: “Crónicas de Vesper” é uma ficção distópica sobre um futuro pouco risonho

Kristina Buozyte e Bruno Samper apresentam um filme de ficção científica, com com Raffiella Chapman, Eddie Marsan e Rosy McEwen nos principais papéis. O crítico Jorge Leitão Ramos dá-lhe duas estrelas

O futuro da Humanidade é horrendo, a acreditar nesta ficção distópica. Apostou-se na manipulação genética e o resultado foram criaturas monstruosas, vírus e bactérias em roda livre a exterminar gentes, plantas e animais, a extinção de muitas espécies e quase quase da nossa. O futuro está, então, organizado em fechadas Cidadelas competidoras, regidas por oligarquias – onde vivem os ricos.

Cá fora, os pobres, os restantes humanos, sobrevivem no meio da lama e da miséria de alimentos, trocando o seu próprio sangue por sementes que só germinam uma vez. Os senhores das Cidadelas codificaram-nas assim. A gente sabe isto nos primeiros minutos do filme; depois seguimos Vesper, uma rapariga que cuida de um pai imobilizado e ligado a um labirinto de tubos com fluidos glaucos a entrar e a sair e bexigas pulsantes algures na canalização.

Em regime autodidata, Vesper conseguiu tornar-se perita em sínteses biológicas e persegue a tarefa de desbloquear os códigos das sementes, de modo a torná-las livres, universais, ao serviço de todos. Perto, mora um tio cuja principal atividade produtiva é gerar filhos a quem explora o sangue que trafica com a Cidadela mais próxima (não me perguntem o que é que eles fazem ao sangue…). É o vilão da fita.

Do que se passa nas Cidadelas nada se sabe, o filme não mostra. Entretanto há outro tipo de criaturas para-humanas, umas inteiramente produzidas em laboratório, outras mudas, vagueantes, de rostos velados e tarefas obsessivas. É um mundo fascinantemente estranho, repulsivo, disforme.

O problema central é a periclitante coerência lógica de tudo aquilo (exemplo: se há árvores e florestas quer dizer que há sementes que se desenvolvem; só as das plantas de que nos alimentamos é que não?), apesar da imagética ser bastante apelativa. O problema está na dificuldade em acreditar. “Crónicas de Vesper” parece um longo episódio-piloto para uma série de 13 episódios onde tudo haveria de ganhar coerência… Só que, ainda não.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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